O antigo presídio da Trafaria fica junto ao terminal fluvial da Trafaria e esteve fechado ao público durante décadas. Foi ali que muitos opositores ao regime de Salazar estiveram presos até ao 25 de Abril de 1974, marcando-o como um local de forte significado histórico e político. Após o 25 de Abril, o presídio ficou inutilizado e abandonado.
Em Dezembro de 2016, durante a Trienal de Arquitetura de Lisboa, o presídio foi temporariamente aberto ao público com uma exposição gratuita que destacou “O Presídio e a Trafaria”, celebrando 450 anos de história nas antigas celas do forte. Esta exposição teve como objetivo revelar a importância estratégica e histórica da Trafaria, que se estende por mais de cinco séculos.
O presídio da Trafaria conserva um passado marcado por repressão e resistência, mas também oferece uma oportunidade única para compreender a evolução da região e a sua relevância no contexto português. A visita à antiga prisão é um convite a conhecer esta história esquecida e a sua ligação ao presente.
“Onde o mundo esqueceu, a história guarda os seus segredos nas paredes e no silêncio. é nesse silêncio profundo, entre a poeira e as ruínas, que encontramos os sussurros persistentes das vidas que o tempo teimosamente se recusou a apagar por completo.”

História do Presídio da Trafaria
O Presídio da Trafaria tem uma origem ligada a uma estrutura militar que desempenhou vários papéis ao longo dos séculos. A sua construção, a função estratégica e os eventos históricos que ali ocorreram são centrais para compreender a sua importância.
Origem e Construção do Forte-Presídio
O Forte–Presídio da Trafaria foi erguido no século XVI. A sua construção teve como principal objetivo proteger a foz do Tejo e a costa de possíveis ataques inimigos, devido à posição estratégica junto ao rio.
A estrutura foi concebida como uma fortificação costeira, com elementos típicos da arquitetura militar da época, incluindo muralhas resistentes e espaços para artilharia. O presídio integrava-se num sistema defensivo que complementava outras fortalezas próximas.
O local escolhido permitia controlar o acesso fluvial a Lisboa, crucial para a defesa da cidade e do comércio marítimo. Durante os séculos seguintes, o forte foi adaptado para novas necessidades militares e políticas.
Função e Evolução ao Longo dos Séculos
Inicialmente, o forte serviu exclusivamente para fins militares, mas com o tempo passou a incluir um presídio para manter detidos diversos tipos de prisioneiros. A sua função mudou conforme as necessidades do Estado.
No século XX, o presídio ganhou notoriedade por albergar opositores do regime do Estado Novo, especialmente durante o período salazarista, até ao 25 de Abril de 1974. Muitos presos políticos passaram por ali.
Após a Revolução, o presídio foi desativado e abandonado, sem nunca mais voltar a ser utilizado. Embora esteja fechado há décadas, mantém um forte valor histórico pela sua ligação à repressão política.
Eventos Históricos Marcantes
O presídio da Trafaria foi palco de momentos cruciais da história portuguesa. Durante o Estado Novo, foi uma das prisões onde opositores ao regime eram detidos em condições severas. Este facto marca a sua relevância política.
Em 2016, como parte da Trienal de Arquitetura de Lisboa, o espaço abriu temporariamente para uma exposição que contou a história do forte e da Trafaria, recuperando a memória do local e do seu passado.
A exposição permitiu ao público conhecer os 450 anos de história do forte, destacando o seu papel estratégico na defesa do país e na resistência a regimes autoritários. Este evento revelou o valor cultural e histórico do presídio que permanece fechado.

O Presídio Durante o Estado Novo
O presídio da Trafaria foi uma peça central do sistema repressivo do Estado Novo. Serviu para encarcerar opositores políticos e manter o controlo sobre ativistas contrários ao regime.
Repressão Política e Prisões de Opositores
Durante o Estado Novo, o presídio da Trafaria acolheu vários presos políticos, principalmente membros de movimentos antifascistas e comunistas. Estes detidos eram frequentemente acusados de conspirar contra o regime de Salazar, e muitos passaram longos períodos em isolamento.
O local funcionava como um centro de interrogatório e detenção preventiva. A presença de opositores destacados revelou a importância estratégica do presídio para o controlo político. A prisão não só reforçou a repressão como funcionou como aviso para dissidentes.
Condições de Detenção
As condições no presídio da Trafaria eram austeras e severas. As celas eram pequenas e pouco ventiladas, contribuindo para um ambiente físico e psicológico penoso. Os presos enfrentavam restrições estritas e barreiras à comunicação com o exterior.
Os métodos de vigilância eram rigorosos, com pouca ou nenhuma consideração pelos direitos humanos. A alimentação e o espaço para higiene eram insuficientes, refletindo a intenção de manter os detidos numa situação de constante desconforto.
Impacto na Comunidade Local
O presídio da Trafaria deixava uma marca visível na comunidade da Trafaria. Era um símbolo do controlo estatal e da repressão, afetando as relações sociais locais. Muitas famílias de presos viviam sob vigilância, sentindo o estigma associado.
Além disso, a presença constante da prisão influenciava a economia local, com trabalhadores ligados ao funcionamento do estabelecimento. O abandono posterior do presídio gerou debates sobre a sua memória e impacto histórico na região.

Do Pós-25 de Abril ao Abandono
Após o 25 de Abril de 1974, o antigo presídio da Trafaria deixou de funcionar como local de detenção e entrou num longo período de abandono. As decisões tomadas sobre o encerramento e a falta de manutenção explicam o estado atual do edifício.
Fecho e Desativação do Presídio
O presídio da Trafaria foi oficialmente fechado pouco depois da revolução de 1974. A cessação da atividade prisional seguiu a libertação dos presos políticos e a mudança no sistema judicial português.
A estrutura não foi adaptada para outras funções, o que contribuiu para a sua desativação definitiva. Não existiram planos imediatos para a reutilização do espaço, levando ao seu abandono.
Este encerramento marcou o fim de uma era, pois o presídio tinha um papel importante durante o Estado Novo, especialmente na repressão política.
Estado de Conservação ao Longo das Décadas
Com o encerramento, a manutenção do edifício foi praticamente inexistente. O abandono levou ao desgaste causado pela infiltração de água, vandalismo e a ação do tempo.
Apesar da degradação, algumas áreas mantêm elementos arquitetónicos originais, mas muitos setores apresentam danos estruturais evidentes. A infiltração e a humidade são os principais causadores da deterioração.
O prédio permanece fechado ao público, o que impede intervenções mais regulares. Eventualmente, a sua conservação depende de programações pontuais, como exposições ou eventos culturais organizados para reabrir temporariamente.

O Presídio da Trafaria no Século XXI
O antigo presídio da Trafaria permanece fechado ao público na maior parte do tempo, mas tem sido palco de iniciativas culturais e históricas que visam relembrar a sua importância. A redescoberta do espaço fortalece a valorização da sua história e do papel da Trafaria como ponto estratégico ao longo dos séculos.
Abertura ao Público e Iniciativas Recentes
Apesar do encerramento permanente, o presídio da Trafaria tem aberto pontualmente para eventos específicos. Em 2016, foi possível visitar o espaço durante a Trienal de Arquitetura de Lisboa, o que não acontecia há décadas.
Estas aberturas temporárias permitem a população e investigadores conhecerem as antigas instalações, preservando a memória dos opositores ao regime de Salazar detidos ali. Noutras ocasiões, o local tem sido utilizado para atividades culturais e educativas, reforçando a sua função de espaço de memória e reflexão.
A Exposição da Trienal de Arquitetura de Lisboa
Durante a Trienal de 2016, realizou-se uma exposição intitulada “O Presídio e a Trafaria”, que decorreu no interior das antigas celas. Esta exposição mostrou 450 anos da história do presídio e da importância estratégica da Trafaria.
A entrada foi gratuita, promovendo o acesso a um público amplo e diversificado. A exposição incluiu fotografias, documentos e objetos históricos que contextualizaram o papel do presídio na repressão política até 1974, assim como a evolução arquitetónica do local.
Visibilidade Cultural e Estratégica Atual
Atualmente, o presídio da Trafaria é reconhecido como um monumento de relevância histórica e arquitetónica. A sua visibilidade tem aumentado graças a exposições temporárias e à cobertura mediática sobre questões de memória histórica.
A Trafaria mantém uma posição estratégica junto ao rio Tejo, o que reforça o interesse nas pesquisas e preservação do local. As entidades culturais e históricas continuam a promover ações que garantam a conservação e a divulgação do presídio enquanto testemunho do passado recente de Portugal.

Importância Histórica e Estratégica da Trafaria
Trafaria desempenhou um papel crucial no controlo das vias navegáveis do Tejo, sendo um ponto chave para a defesa de Lisboa. A sua localização estratégica permitiu a vigilância e proteção contra ataques fluviais e marítimos.
Além disso, a sua história está fortemente ligada a acontecimentos políticos e sociais de Portugal, refletindo períodos de opressão e resistência.
Papel na Defesa e Controle do Tejo
Situada perto da foz do Tejo, Trafaria funcionou como um posto avançado para monitorizar o tráfego fluvial. O forte e o presídio garantiam o controlo sobre embarcações que entravam e saíam do rio, importante para a segurança da capital.
A existência do presídio ali permitia também a detenção de prisioneiros considerados perigosos para o regime, dificultando fugas devido à proximidade da água. A defesa da zona envolvia patrulhas regulares e o uso de artilharia para responder a ameaças externas.
Este controlo contribuiu para manter o domínio português na região em várias fases históricas, protegendo a navegação e o comércio ao longo do Tejo.
Contribuição para a História Nacional
O presídio da Trafaria é um símbolo da repressão durante o Estado Novo. Muitos opositores ao regime de Salazar estiveram ali encarcerados antes do 25 de Abril de 1974. O local representa um capítulo importante da luta pela liberdade em Portugal.
Após a revolução, o presídio foi desativado e abandonado, mas permanece como testemunho das condições de vida e da resistência política da época. A sua reabertura temporária em 2016 permitiu divulgar este legado através de uma exposição que destacou a importância da prisão e do local no contexto histórico.
Assim, Trafaria marca uma ligação direta entre a geografia, a defesa militar e os processos políticos que moldaram o país nas últimas décadas.

Acessibilidade e Localização
O antigo presídio da Trafaria encontra-se numa posição estratégica junto ao terminal fluvial, facilizando o acesso por via marítima. A sua localização é bem servida por diferentes meios de transporte que permitem deslocações rápidas e práticas, tanto para visitantes locais como para turistas.
Proximidade ao Terminal Fluvial da Trafaria
O presídio da Trafaria situa-se imediatamente ao lado do terminal fluvial da Trafaria, o que facilita o acesso direto de outros pontos da margem sul, como Belém e o Cais do Sodré, em Lisboa. A curta distância entre o terminal e o edifício permite que os visitantes o alcancem a pé em poucos minutos.
Esta proximidade ao terminal fluvial é essencial para quem pretende visitar o local, especialmente durante eventos ou exposições temporárias. O percurso entre o terminal e o presídio é acessível e sinalizado.
Opções de Transporte e Mobilidade
Além do acesso pelo rio, a Trafaria é servida por várias linhas de autocarro que conectam a vila a Almada e a outras localidades próximas. Estas opções permitem que visitantes que não utilizem o barco tenham alternativas viáveis para chegar ao presídio.
Para quem se desloca de carro, existem espaços de estacionamento próximos, embora limitados. A maioria dos visitantes opta pelo transporte público devido à facilidade e à frequência dos serviços. A acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida é um ponto a melhorar no local.

Futuro do Presídio e Perspetivas de Reabilitação
O futuro do antigo presídio da Trafaria tem sido objeto de discussões entre entidades públicas e privadas. Há um interesse crescente na reabilitação do espaço para fins culturais e turísticos, dada a sua importância histórica.
Diversos projetos têm sido propostos, focando na preservação da arquitetura original e na integração do presídio no roteiro cultural da região. A valorização do local passa também pela criação de um centro de memória dedicado ao período do Estado Novo.
Entre as propostas, destacam-se:
- Reabilitação estrutural do edifício mantendo a traça histórica
- Instalação de espaços de exposição e eventos culturais
- Criação de um percurso interpretativo sobre a história do presídio
A viabilidade económica destes projetos depende do financiamento público e parcerias com entidades culturais. No entanto, a importância do valor histórico e social do presídio da Trafaria é amplamente reconhecida por especialistas.
O envolvimento da comunidade local é essencial para garantir que a reabilitação respeite as memórias do lugar. A recuperação do espaço pode contribuir para a revitalização da Trafaria enquanto destino turístico e patrimonial.
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Um comentário
Artigo poderoso! É crucial que a história do Presídio da Trafaria e das vozes silenciadas por Salazar seja sempre lembrada. Um olhar importante sobre a história de Portugal.